segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A SERPENTE QUE DANÇA


Em teu corpo, lânguida amante,
Me apraz contemplar,
Como um tecido vacilante,
A pele a faiscar.
Em tua fluida cabeleira
De ácidos perfumes,
Onda olorosa e aventureira
De azulados gumes,
Como um navio que amanhece
Mal desponta o vento,
Minha alma em sonho se oferece
Rumo ao firmamento.
Teus olhos, que jamais traduzem
Rancor ou doçura,
São jóias frias onde luzem
O ouro e a gema impura.
Ao ver-te a cadência indolente,
Bela de exaustão,
Dir-se-á que dança uma serpente
No alto de um bastão.
Ébria de preguiça infinita,
A fronte de infanta
Se inclina vagarosa e imita
A de uma elefanta.
E teu corpo pende e se aguça
Como escuna esguia,
Que às praias toca e se debruça
Sobre a espuma fria.
Qual uma inflada vaga oriunda
Dos gelos frementes,
Quando a água em tua boca inunda
A arcada dos dentes,
Bebo de um vinho que me infunde
Amargura e calma,
Um líquido céu que difunde
Astros em minha alma!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Puritania

Nós vamos acabar com a sua raça
Contagem regressiva para exterminar a raça humana
4, 3, 2, 1...

Deixe o caos entrar
No solo sem defesas
Remova os erros do homem
e varra todo o tipo enfraquecendo-se

Eu sou guerra, eu sou dor
Eu sou tudo o que você sempre matou
Eu sou lágrimas em seus olhos
Eu sou pesos, eu sou mentiras

Passado é a tolerância
E presença da graça
Os limpadores são ajustados para fora
Para limpar a suja parada humana

Eu sou puro, eu sou verdadeiro
Eu sou tudo acima de você
Eu sou risada, eu sou sorriso
Eu sou a terra poluída

Eu sou as tempestades cósmicas
Eu sou as minhocas minusculas
Eu sou medo na noite
Eu sou aquele que traz a luz

Terra apagada com sucesso